Frederico, aluno de Engenharia Naval constrói sua própria embarcação e aventura-se na Lagoa dos Patos

 

Frederico Dolgener Cantú, ou Fred, é estudante do quarto ano do curso de Engenharia Naval na UFSC Campus Joinville. Neste último período de férias executou um projeto inusitado. Construiu sua própria embarcação em estilo caiaque e percorreu remando, ao longo de 15 dias, uma distância de 360 quilômetros, do norte ao sul da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul. Ao longo desses dias, Fred remou mais de 65 horas. Do extremo norte da lagoa até o seu ponto mais austral, Fred navegou com seu caiaque realizando eventuais paradas em cidades, colônias de pescadores e ao longo da costa da lagoa.

Veja abaixo a entrevista concedida por Fred à Comissão de Comunicação do Campus Joinville.

fred ufsc

CoC – Qual foi seu roteiro o objetivo da viagem?

Fred – O objetivo da minha viagem foi cruzar a Lagoa dos Patos, maior laguna do Brasil localizada no Rio Grande do Sul, remando em um caiaque projetado e construído por mim e sendo autossuficiente por 15 dias. A travessia foi realizada de norte a sul partindo de um ponto antes do inicio da lagoa e chegando logo após o seu limite austral, do lago Guaíba ao mar respectivamente.

CoC – Como surgiu a ideia e como você planejou a viagem?

Fred – Cabe ressaltar que sempre estou à procura de desafios que mexam com minha imaginação e capacidades. Um dos principais motivos que me influenciou a fazer esta viagem foi o fato de estar construindo uma embarcação apta para a empreitada. A ideia de cruzar a Lagoa dos Patos surgiu em pleno período de provas e precisei me dividir entre os estudos e o planejamento da viagem.

Passei cinco meses me preparando para a partida. Para a construção da embarcação, criei datas limites para cada etapa do projeto, fiz de tudo para não me atrasar e mesmo às vezes parecendo impossível consegui terminar tudo no prazo planejado.

Na organização da viagem fiz uma lista com mais de 100 utensílios a serem levados. O planejamento sobre riscos, roteiro, comida e etc foram desenvolvidos em cima desta lista, por exemplo, para marcar um OK na frase “Comida” do checklist, eu precisei pesquisar, calcular e comprar tudo o que se referia à alimentação. Acabei a parte organizacional uma semana antes de sair.

CoC – Ao planejar a viagem, quais riscos você levantou? Como lidou com eles?

Fred – Para mim que não tinha muita experiência em travessias oceânicas de caiaque era bem adequado me preocupar bastante com os riscos que poderiam ocorrer e prevenir os mais significativos. Por exemplo: analisei dados meteorológicos e tentei entender ao máximo sobre temporais, ventos, correntes e ondas. Com a ajuda de um médico, listei 17 medicamentos e aparatos diferentes, li sobre todos e carreguei junto comigo informações de aplicação. Levei junto uma caixa de ferramenta bem completa podendo até mesmo improvisar um novo remo se fosse necessário. Fiz um vasto estudo sobre alimentação e eficiência calórica das comidas. Planejei-me para tomar sempre água tratada e pensei em mais outros detalhes diversos. Analisando minhas prevenções e a realidade da lagoa, posso dizer agora que foi uma viagem relativamente segura.

CoC – Qual foi o momento mais marcante da viagem? Por quê?

Fred – No 9° dia remei pelas águas mais difíceis da viagem. Zarpei antes de o sol nascer e as ondas já estavam aterrorizantes para mim. Durante o dia, o vento e as vagas só aumentaram. Com a cara molhada dos respingos das águas que explodiam na lateral da embarcação remei por 10 quilômetros tentando minimizar os ataques das ondas que estouravam por toda extensão visível da lagoa. Às duas e meia da tarde desisti de continuar, foi a única vez que precisei abortar. Acabei passando duas noites em uma ilha fantástica esperando o mal tempo passar. Não sei em que outra situação poderia ter conhecido aquele lugar. Foi ali parado que percebi o quão isolado estava, das limitações que tinha e mesmo assim, com pouquíssima infraestrutura, conclui que eu podia ir mais longe do que tinha imaginado inicialmente.

CoC – Como suas experiências durante a vida acadêmica te ajudaram/encorajaram a realizar esta excursão?

Fred – Principalmente a fabricação do meu caiaque está diretamente relacionada aos conhecimentos obtidos dentro da universidade. Ao participar em equipes de competição e ao trabalhar em um laboratório de fabricação em materiais compósitos, eu me vi preparado para construir meu mais novo barco. A ajuda de professores e alunos foi fundamental para tirar minhas dúvidas e ajudar a por a mão na massa. As exigências organizacionais que a vida acadêmica me impõe há três anos certamente me ajudaram no gerenciamento de toda viagem.

CoC – Futuramente, como engenheiro naval, você pretende trabalhar com construção de embarcações ou já tem outros planos?

Fred – Eu me vejo diretamente ligado à construção naval, realmente me divirto e gostaria muito de atuar profissionalmente nesta área. Além disso, sempre terei alguns projetos particulares para suprir minha necessidade de aventura.

 

Alguns dados específicos:

  • Dias em viagem: 15
  • Dias de remada: 10
  • Distância percorrida: 359,06 km;
  • Tempo total remando: 65h 29m;
  • Carga de comida: 15 kg;
  • Quantidade energética em comida carregada: 50.000 Kcal;
  • Carga em água, 10 kg ;
  • Carga total 40 kg;
  • Massa da embarcação: 21 kg;
  • Massa total com tripulante: 130 kg.

 

Contato:

Fred: https://www.facebook.com/frederico.dc

 

Editorial:

Equipe Comissão de Comunicação (CoC) da UFSC:

Cristiane Barbado – (47) 3204-7411

Gabriel Benedet Dutra –

Larissa Nunes – – (47) 3204-7406

Tiago Santos – – (47) 3204-7437